quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

10 DICAS PARA COMPRAR UM CARRO NA AUSTRÁLIA



   Comprar o primeiro carro na Austrália é um verdadeiro desafio. Primeiro não temos um domínio pleno da língua, segundo não sabemos o que olhar num carro e terceiro os carros usados aqui possuem uma quilometragem muito alta,comparados com o padrão brasileiro. Com o intuito de iluminar um pouco este caminho, segue algumas dicas que poderiam ter me auxiliado muito no momento que eu fui comprar o meu.

1. CARRO JAPONÊS É MELHOR?
   Ouvi de diversas pessoas que Toyota, Honda e Nissan são os melhores carros para se comprar porque eles duram muito mais e as peças são mais baratas. Inclusive quem não tinha alguma destas marcas argumentavam que eu TINHA de comprar uma delas. (???) Não sou engenheiro mecânico e nunca me interessei em aprender como um carro funciona e por isso não consigo bater o martelo sobre esta questão. O questionamento que me faço é "vou ficar com este carro até as rodas caírem ou quero trocá-lo daqui uns 3 anos?" Se vou ficar com ele até o final da vida então procuraria um carro japonês, caso contrário não faz diferença. Minha primeira dica é "Fuja dos estereótipos de que você tem de ter um carro japonês." É muito mais interessante fazer uma análise inicial boa do que comprar qualquer coisa só porque veio da terra do Sol nascente.

2. GUMTREE OU CONCESSIONÁRIA?
   O site de vendas daqui (www.gumtree.com.au) é o maior mercado de revendas de qualquer produto e você consegue achar muito anúncio de carro lá. Diversos anos, modelos e quilometragens o deixam maluco com tanta informação reunida. Nele você terá de agendar visita e negociar (SEMPRE negocie no Gumtree, mesmo que o anúncio diga que não aceita negociação) e avaliar o carro.
   Em contrapartida em uma concessionária você possui ajuda de um vendedor e sai com uma garantia que o carro foi revisado e que se der algum problema em determinadas peças eles as trocam. Nela os carros custarão mais caro do que no Gumtree.

   Então você tem de colocar na balança: Procurar sozinho e ter um trabalho maior vs Terceirizar este trabalho para a concessionária e pagar um pouco mais caro.

3. PROCURE NO RED BOOK,
   Há um site aqui na Austrália que funciona como uma tabela FIPE, ele é o www.redbook.com.au. Ele não é a lei sobre quanto determinado carro de determinado ano deve realmente custar, mas ele te dá uma boa orientação sobre o intervalo de preço do mesmo. 
Exemplo: Se um Corolla 2009 estiver com um range entre AUD 4,000 e AUD 6,000 então você deve esperar que os Corollas que estiverem perto de 6 mil têm de estar em perfeito estado e os com preço próximo de 4 mil devem ter detalhes a serem olhados (e talvez venham a causar preocupações futuras).

4. PEÇA O HISTÓRICO DO CARRO
   Diferentemente de quando você começa a namorar, tente saber tudo sobre os antigos usuários. Como? Pergunte sobre as revisões feitas, as trocas de óleo, de peças, pneus, etc. Alguém que cuida do carro possui um histórico minucioso e detalhado com as notas dos serviços realizados e carimbo das datas de tais serviços no manual de acompanhamento do carro. Pergunte se o dono possui seguro no carro e peça uma "negativa" do departamento de trânsito sobre multas e batidas, além é claro de verificar até quando vale o REGO (equivalente ao IPVA daqui).

5. CUIDADO COM O VENDEDOR
   O mais impressionante da Austrália é a mistura de culturas. Diferentes tipos de religiões, cores de pele, tipos de olhos, línguas, cabelos, convivem junto no mesmo espaço geográfico, cada qual trazendo seus próprios costumes. Por isso você verá culturas de pessoas que não são honestas e que tentam te enganar, ou que possuem uma habilidade impressionante na negociação. Neste momento pense como se estivesse em uma batalha e tente se defender e não ser influenciado pelo que a outra parte está tentando te vender. Um histórico no papel carimbado com o logo da oficina vale mais do que mil "parentes mecânicos que fazem a revisão". 

6. CARROS COM ALTA QUILOMETRAGENS NÃO SÃO NECESSARIAMENTE RUINS.
   A ausência de buracos em ruas, a cidade sendo plana e a gasolina sendo pura ajudam a aumentar em muito a conservação da mecânica do carro, resta avaliar como o antigo dono cuidou dele. A melhor opção é fazer as contas para ver quantos Km o carro rodou por ano. Por exemplo um carro com 10 anos e 90 mil Km tende a estar mais conservado do que um carro com 5 anos e 60 mil Km. Isso porque o 1º faz 9 mil Km por ano enquanto o 2º faz mais de 11 mil Km por ano.

7. OLHE O CARRO E FAÇA TEST-DRIVE
   Não somos especialistas no assunto, mas o básico conseguimos fazer. Abra o porta-mals e veja como está o estepe, a chave de roda, o triângulo e as ferramentas (eles aparentam novos e organizados ou está tudo solto e desgastado?). Olhe os sulcos nos pneus para ver se estão novos ou precisarão ser trocados em breve. Aperte todos os botões internos, abra portas e vidros. Pergunte sobre o manual e as duas chaves que o carro deve ter. Olhe se a bateria não está vazando e se aparentemente o motor e seus componentes estão todos em ordem. OLHE A LATARIA! Fuja desta conversa mole de "tem um descascado aqui e um amassado ali, mas a mecânica está ótima". Quem cuida do carro não deixa o mesmo chegar à este ponto, estética é sim importante!
   Faça o test-drive, sinta o carro. Acelere, breque, faça curvas. Pense em você dirigindo-o diariamente, é isso mesmo que você quer sentir?

8. PEÇA DESCONTO SEMPRE!
   Esqueça que no anúncio o vendedor colocou em letras garrafais que não aceita negociação. Não te custa nada tentar conseguir pelo menos o valor de transferência do veículo. Outra coisa é que eles adoram negociar, todo mundo entra no gumtree para especular e negociar (se você for vender também se prepare para virem ofertas bem menores).

9. PENSE SEMPRE NO RISCO vs RETORNO.

   Não há fórmula mágica. Por padrão se um carro está muito barato é porque algum problema tem e se um carro está muito bom ele vai custar mais caro. Resta você escolher se quer mexer (se tem conhecimento para mexer) no carro aos poucos ou se quer um que não te dê dor de cabeça e que seja só colocar gasolina e rodar.

10. TAKE YOUR TIME.

   Já diziam que "a pressa é inimiga da perfeição" e neste caso se aplica muito bem. Se você não se sentir 100% confortável com o carro que está analisando, não compre! Há centenas de anúncios, você encontrará outro que o agradará mais. Peça o histórico do carro, é obrigação do vendedor ter esta papelada, se ele não conseguir apresentar algo e você se incomodar com isso, fuja e parta para outro anúncio na internet. Paciência, calma e tempo (eu sei que não temos sempre este conjunto à disposição) nos ajudam muito em uma melhor tomada de decisão.

Todas estas dicas são pontos que eu acabei desenvolvendo na base das porradas que tomei. Tive problemas com meu primeiro carro, mas não com o segundo pois segui este passo a passo metodicamente. Acredito sim que tudo isso escrito acima pode ser encontrado e feito, principalmente no que diz respeito aos serviços. Eu possuo todo o histórico de tudo que aconteceu com este meu 2º carro e continuo mantendo-o, acrescentando os serviços que eu realizei e peças que troquei, além de possuir uma pintura e conservação impressionantes.

Boa sorte na sua empreitada!

domingo, 12 de fevereiro de 2017

ECONOMIZANDO COM A ESCOLA DOS FILHOS EM PERTH




   O desafio de morar fora é imenso. Você não conhece a língua que eles usam e terá de recomeçar do zero, desde abrir conta em banco e adquirir um novo número de celular até tirar os documentos pessoais e conseguir comprovar rendimentos para um simples aluguel.

   Mas isso tudo foi escolha sua. E alguém que foi obrigado a participar desta jornada? Sim, as crianças que acompanham os adultos nesta loucura toda não tiveram direito de escolha e nem voz ativa. Eu me incluo neste grupo, pois vim com meus dois filhos para cá, sendo um em idade escolar.

   Todas as dificuldades enfrentadas ao longo do trajeto me fizeram enxergar um caminho que pode ser trilhado mais facilmente e que ajudará os pequenos em sua adaptação.

1 - CONVERSE SEMPRE, DESDE O INÍCIO.

   Os que vêm com uma ideia de longo prazo sabem que o planejamento começa uns dois anos antes no Brasil, pois tem que pensar em IELTs, venda de bens pessoais, passagens, moradia, estruturação da vida aqui. Deixar os pequenos a par dos acontecimentos desde os primeiros passos é importantíssimo, pois vai preparando-os aos pouquinhos sobre a grande mudança que a família enfrentará. Você corre alguns riscos dele falar para a escola toda e a professora vir te questionar, mas é muito melhor deixá-los preparados. Coisas pequenas como "vamos mudar para a Austrália, não sabemos quando, mas vamos" "papai/ mamãe vão começar a fazer aula de inglês" e colar post-its nas coisas da casa (quando a viagem está mais próxima) com as palavras em inglês para eles irem se habituando ajudam bastante.

   Explicar como será no aeroporto, como será o voo, tempo de duração, o que terá para fazer, como será a conexão. Pedir a ajuda deles em carregar malas no aeroporto, colocá-los para escolher o que irão levar de brinquedos, roupas, etc..

   Só façam este passo a passo se tiverem certeza que vão até o fim, senão será muita confusão na cabecinha deles.

2 - PROCURE CASAS PERTO DE ESCOLAS QUE POSSUAM O IEC (INTENSIVE ENGLISH COURSE)

   Por mais cara que seja a escola que você paga(va) no Brasil, eles não terão uma fluência grande no inglês e por isso muito provável que eles tenham de frequentar este IEC que é um curso específico que puxa mais o inglês. Eles terão as matérias básicas como geografia, matemática, ciências e esportes, mas serão muito mais exigidos em vocabulário, estrutura gramatical, falar e ouvir.

   Não são todas as escolas que possuem o IEC e por isso se torna muito interessante se você alugar uma casa próxima, pois fica fácil levar e buscar os pequenos. Alguns amiguinhos de meu filho acordam duas horas antes do horário e ficam no ônibus escolar por quase uma hora e meia. Além disso quando eles se formarem nesta sala as crianças têm de frequentar a escola da região que você mora, se você já mora do lado da escola os seus filhos não terão de mudar (de novo) e ficarão na mesma escola, a diferença é que farão o curso normal.

   Quais locais que possuem este curso? Eu sei de Parkwood e Beaconsfield, mas acho que tem mais uma meia dúzia de escolas. Google!

3 - SIM, VOCÊ TEM DE PAGAR PELO CURSO

   Se você não é PR (Permanent Resident) você tem de pagar pela escola dos seus filhos, mas se você vier para fazer um Master há uma parceria com o departamento de educação que aloca seus filhos em uma escola como se você fosse um PR. Mas se o seu filho precisar deste IEC você terá de pagar pelo curso. Quais os valores?


   O IEC sai uns 3 mil dólares pagos no início do ano de uma única vez. Então se você vem fazendo mestrado (que já custa dois rins) se prepare para gastar mais este valor. Mas se o seu filho fizer um ano só de IEC, no ano seguinte você não gasta nada. Se ele não precisar de IEC a escola sai free. Se você tiver 4 filhos e todos sabem inglês e não precisam do IEC, todos podem estudar gratuitamente.

   Um estudante internacional em uma escola local (para o curso normal) vai gastar entre 7 e 10 mil dólares anuais (pagos de uma única vez no começo do ano). O valor varia de acordo com a idade dos filhos.

4 - MATERIAL ESCOLAR E UNIFORME

   A escola passa uma lista de material que você tem de adquirir e, se optar pode pedir diretamente com a escola que possui parceria com uma papelaria e que te entrega tudo pronto. Sim, há exageros de pedidos como no Brasil, mas os valores não chegam perto daqueles aos quais estamos acostumados. Optamos por comprar tudo com a escola, pois ajuda a estrutura deles com a parceria e ao longo do ano você vê que os materiais são bastante utilizados.

   O uniforme deve ser adquirido em uma única loja (olha o monopólio) e os valores não são tão baratos assim, mas a escola é muito flexível. Eles por exemplo me disseram para comprar somente a camiseta na loja e adquirir as bermudas e calças na BIG W, onde você paga menos de 5 dólares por peça. Fora isso a escola possui uniformes de segunda mão e "achados e perdidos". Os de segunda mão foram doados por ex-estudantes e são mais baratos e os achados e perdidos a escola pede pelo amor de Deus para levar embora porque os estudantes perdem e os pais simplesmente não pegam de volta. Se você chegar e pedir doação de algum achado e perdido eles liberam.

5 - TRANSPORTE

   Como eu disse anteriormente busque casas próxima a escola, pois assim você pode levar os pequenos a pé ou de bicicleta/ patinete (na escola há local para estacionar tais veículos das crianças). Caso more longe você precisará ter um carro ou levá-los de transporte público. A escola ainda possui a possibilidade de um ônibus escolar que pode passar para buscá-los. Não sei como funciona e quais os valores, este quesito deve ser visto junto à escola.

   Mas como dica eu friso novamente em alugar uma casa próxima à escola. Não estamos vindo aqui para melhor qualidade de vida? Que tal começar com uma estrutura interessante para o núcleo familiar? Ir a pé para a escola e as crianças chegarem cedo em casa não tem preço.

6 - PREPARE-SE PARA COZINHAR

   Você tem de mandar lanche da manhã e almoço TODOS os dias. Cabe a ressalva de que os almoços dos australianos não são o velho arroz e feijão com bife diários, eles comem pratos rápidos como wraps, saladas e tortas. Isso sendo bonzinho, pois há muitos que só tomam um café/ chá com bolachas.

   Fiz este comentário, pois você verá que os almoços das crianças são mais lanches rápidos do que comida propriamente dito. Nós aqui nos esforçamos (minha esposa que faz um esforço descomunal nesta questão, sou muito grato!) em tentar balancear este cardápio mandando mais vezes comida do que lanches (saudáveis).

7- GET INVOLVED

   Se envolva na sua comunidade. A escola possui necessidades de voluntários em posições como ajudar na cantina e em eventos específicos, estas são ótimas oportunidades de se envolver e ajudar a comunidade a qual faz parte e ficar mais próximo das atividades escolares de seus filhos. Ano passado eu conhecia a professora, a assistente, a diretora do curso IEC, a secretária e a psicóloga. Isso porque me fazia presente nas reuniões, minha esposa e eu nos voluntariamos em eventos, tiramos dúvidas pessoalmente com as profissionais da escola (que são todas uns amores e que nos tratam com um respeito incríveis!).

   Na apresentação final da escola vi pais falando: "Nice to meet you" para a professora, amiguinhos estes que moravam longe da escola, impossibilitando um contato mais próximo, ou pais que simplesmente não participaram de nada. Ficamos amigos de famílias de amiguinhos de nosso filho (que frequentam nossa casa e vice-versa) por causa desta nossa postura mais ativa na educação dele. 

Não fique inerte, recomece sua vida em todos os sentidos!

   Enfim, Get Involved!

8 - ESTUDOS E LIÇÃO DE CASA

   Meu filho recebia lição de casa toda 6a feira para entregar na 2a e todo dia vinha um livrinho da biblioteca da escola para ler. Religiosamente ele leu o livro do dia antes de dormir treinando sua pronúncia e absorvendo vocabulário e fez suas lições nos finais de semana. Ao final do ano ele leu mais de 500 páginas e obteve uma evolução absurda em seu ensino. O papel da família em dar suporte e ajudá-lo nas atividades que vêm para casa é importantíssimo.

   Meu filho por exemplo é muito tímido, mas no final do ano foi orador em uma apresentação (por escolha dele) falando na frente de toda a escola. Nosso papel de pais encorajando-o e conversando para entender como ele se sentia ao longo do ano foi fundamental.