quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

BITCOIN: FEITIÇARIA OU TECNOLOGIA?



   Bitcoin é uma cryptocurrency que foi criada após o crash econômico de 2008 onde grandes bancos e financeiras norte-americanos viraram fumaça da noite para o dia e impactaram todo o conglomerado econômico mundial.

   Para entender o Bitcoin precisamos entender alguns conceitos como Moeda, Cryptocurrency e Investimento.

MOEDA

   O conceito romântico da moeda é o de receber um valor em função de algo que você produziu. O tempo que você dedica trabalhando é recompensado com uma quantidade de dinheiro e com ele você pode recompensar outras pessoas pelos seus esforços individuais e assim ter as coisas que você quer e precisa para viver.

   Um produtor de batatas não terá de comer batatas a vida toda ou achar alguém que pesque peixes para trocar suas mercadorias. Ele vende suas batatas, acumula dinheiro e compra os peixes. O pescador vende seus peixes, acumula dinheiro e compra batatas. E eles podem comprar cadeiras, mesas, viajar, etc.

   A moeda então trouxe a praticidade para o produtor poder adquirir outros bens e comidas a partir da sua plantação/ criação.

   O conceito começa a ser desvirtuado quando alguém enxerga a possibilidade de ganhar mais dinheiro com a sua produção e acumula uma quantia maior do que realmente necessita.

Exemplo: Um produtor arrenda uma terra, contrata alguém para fazer o trabalho dele e fica com a maior parte do lucro, mesmo não precisando expandir os negócios desta maneira (não me entendam errado, eu acho que o cara que tomou o risco e "colocou o dele na reta" tem sim de ficar com o lucro).

   Outra questão sobre moeda é o quanto ela vale. Quando um país está em recessão com muito desempregro e grande incerteza sobre o futuro, as pessoas tendem a gastar menos ("mais vale um pássaro na mão do que dois voando") e este comportamento trava ainda mais a economia. Com menos dinheiro circulando, menos negócios são feitos e os produtos começam a ficar mais caros (alta da inflação).

   Para evitar este cenário, o governo começa a baixar as taxas de juros motivando as pessoas a colocarem o dinheiro no mercado, já que a poupança renderá pouco, e emite mais moeda aumentando a oferta para a população.

   Ou seja, a moeda com aquele conceito romântico de praticidade para os produtores, dando maior liberdade às pessoas, passa a ser controlada e manipulada pelos governos e, caso os mesmos tomem medidas erradas, impactarão negativamente a vida de milhões de pessoas. Basta olhar para nosso passado: Cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro real, Fernando Collor...

CRYPTOCURRENCY

   Em algum momento da sua vida você questionou ou questionará medidas adotadas pelo governo e o modelo sócio-econômico a qual fomos submetidos desde o nosso nascimento. Independente se você é americano, brasileiro ou norte-coreano, sempre haverá algo que o incomoda com relação ao ambiente à sua volta.

   Foi com este pensamento, ativado pelo crash econômico de 2008, que o Bitcoin foi criado e assim nasceu a cryptocurrency: um sistema econômico alternativo sem intermediários e sem uma administração, fazendo com que os usuários troquem entre si o que bem quiserem. Este movimento torna inviável que qualquer autoridade financeira ou governamental venha manipular seu mercado, e por consequência seu valor, induzindo a inflação com produção de mais dinheiro.

   A cryptocurrency veio para fazer com que as pessoas possam ter uma liberdade de negociar diretamente qualquer coisa que elas queiram, sem ter de se sujeitar à "bancos capitalistas sanguinários que lucram bilhões por ano", nem à "governos que só querem fazer com que eu pague mais impostos para distribuir para os outros". A ideia principal dela é que abandonemos o dinheiro físico e usemos somente a cryptocurrency. Meu salário seria pago em cryptocurrency e o celular novo que eu quero comprar será pago em cryptocurrency. Posso receber meu cryptosalary aqui na Austrália e comprar um cryptopresente de flores para minha mãe lá no Brasil sem ter de transferir dinheiro, nem me importar com câmbio e taxas, porque seria a minha transação diretamente com o vendedor.

   Ou seja, se analisarmos a fundo enxergamos que a cryptocurrency é a evolução da moeda, pois é algo a ser usado como troca, mas que não está sujeita às burocracias e à manipulação dos países, sistemas econômicos, entidades. A ideia romântica da cryptocurrency é de que as pessoas terão maior liberdade para escolher o que fazer com seus rendimentos, de uma maneira mais inteligente e com maior praticidade.


INVESTIMENTO

   Investimento é algo que você coloca seu dinheiro com o intuito de fazê-lo crescer. É a sobra da sua renda sendo colocada em algo para gerar uma renda extra. Pensemos em alguns exemplos:

1. Comprar uma casa e alugar: O intuito é que a casa valorize ao longo dos anos, fazendo com que aquele valor que você pagou seja inferior ao que você poderá vender, além de ganhar semanalmente um aluguel. Há o risco da casa não valorizar e você ter uma perda na venda e o risco de não conseguir alugar e ficar com a casa vazia e sem renda.

2. Aplicar o dinheiro em um produto financeiro: Poupança, Tesouro Direto, Fundo de Investimentos são produtos onde você empresta o dinheiro para o banco ou corretora e esta entidade vai usá-lo para gerar negócios. Parte do lucro que a entidade tiver ela devolverá para você. Quando você coloca o dinheiro na poupança o banco te paga no máximo 6% ao ano, mas empresta este seu dinheiro para um cliente que está financiando um imóvel à uma taxa de 10% ao mês. O risco de calote é do banco e por isso ele fica com a maior parte do lucro.

3. Negócio próprio: você compra máquinas e aluga um espaço com o intuito de produzir e vender um produto que gerará uma renda. O certo é que você tenha um salário fixo para remunerar o seu trabalho semanal perante a sua empresa e, como o risco do negócio não dar certo é seu, o lucro da empresa vai para o seu bolso no final do ano fiscal.

   Em todos os exemplos você tem o conceito de que o dinheiro está sendo colocado em alguma outra coisa (produto ou serviço) que será revertido em dinheiro novamente. Você sabe o que esperar de retorno e (deveria saber) os riscos envolvidos. É o conceito de "LASTRO", onde o dinheiro é lastreado, ou é suportado, em um determinado produto que tem o intuito de gerar renda.



AFINAL, BITCOIN É FEITIÇARIA OU TECNOLOGIA?

   Com os três conceitos definidos, analisemos agora o que está acontecendo com o Bitcoin e esta alta estratosférica dos últimos tempos.

   O Bitcoin veio para SUBSTITUIR o dinheiro e a ideia inicial é de que as pessoas o adquirissem e entrassem neste novo mercado econômico. Com isso os governos e entidades seriam excluídas da negociação entre usuários, evitando a manipulação de preços da cryptocurrency.

   O Bitcoin possui um limite de quantidade no mercado e, na teoria, não poderia haver uma nova emissão do mesmo. Ou seja, a alta destes últimos tempos se deve ao aumento da demanda. Mais pessoas se interessaram por este novo mercado e começaram a migrar para ele trocando seus dinheiros por Bitcoins.

   A quantidade de Bitcoin não pode ser aumentada em teoria, porque agora o mesmo está sendo dividido. Então se antes você comprava 1 Bitcoin por 1 dólar (e hoje está acima de 15 mil dólares, hoje você pode comprar uma fração minúscula de bitcoin e, juntando pedacinho por pedacinho você pode vir a ter 1 Bitcoin.

   O Ser Humano tende a procurar oportunidades no ambiente que o cerca e a levar vantagem sobre os demais. Foi exatamente o que aconteceu aqui.

   Vamos supor que você comprou 100 Bitcoins por 100 dólares lá em 2010 porque não aguentava mais este sistema econômico opressor com estes governos manipuladores e estes bancos que só querem lucrar em cima de você.

   Hoje, você vê que seus 100 Bitcoins valem 1.5 milhão de dólares. O que você faz? Continua com ele porque quer se manter afastado deste mercado sanguinário ou "realiza o lucro" e vira um milionário neste mercado sanguinário?

   As pessoas me perguntam: "O que você acha sobre investir em cryptocurrency?" e eu penso que a própria pergunta está errada porque este é um novo modelo para fugir do padrão atual. A cryptocurrency NÃO é um produto financeiro com o intuito de gerar uma renda e por isso o seu dinheiro NÃO estará lastreado em nada.

   Se eu te perguntar: "O que você acha sobre investir seu dinheiro em uma tribo indígena?" o que vem à sua cabeça? Que eu estou louco porque a tribo não fará nada para tentar aumentar meu dinheiro e que não há garantia nenhuma que haverá um retorno. Então, é o que eu penso sobre a cryptocurrency. Você pode investir na tribo indígena porque está cansado deste modelo de vida que possui hoje e quer tentar um modelo diferente.

   Não quero dizer que o Bitcoin não possa vir a dar lucro. Acho que se elaborado uma estratégia de entrada neste mercado, principalmente analisando seu gráfico evolutivo e encontrando padrões de comportamento, possamos fazer muito dinheiro com ele. Mas é PURA ESPECULAÇÃO! Não coloque ali o dinheiro que você conta para sua aposentadoria, coloque o dinheiro que você NÃO CONTA para nada.

PARA FINALIZAR

   Pense na cryptocurrency como o ouro. O metal precioso tem valor porque alguém decidiu que valia muito e todo o resto acha que vale e por isso o seu preço continua alto. Se todo mundo decidir que ouro nada mais é do que uma pedra brilhante e você não conseguir mais vendê-lo, você terá uma pedra brilhante nas mãos. A cryptocurrency é a mesma coisa. Enquanto os outros acharem que vale muito e estiverem dispostos a pagar o preço, seu valor aumenta. Quando acharem que não vale, você terá uma pedra brilhante no computador.

   Veja o que está acontecendo mundo afora com as cryptocurrencies. China e Coréia do Sul começam a se mexer para criar medidas para restringir tais moedas em seus territórios. Bolsa de Chicago abre negociação para mercado futuro de Bitcoin (??) A moeda que foi criada para fugir do sistema econômico sanguinário acaba de ganhar um mercado próprio dentro do sistema econômico sanguinário. 

   BITCOIN É TECNOLOGIA TRANSFORMADA EM FEITIÇARIA! Aguardemos os próximos capítulos para saber se será usada pelo lado negro da força ou se ela seguirá pelo caminho da luz.
   

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

COMPANY WITH LOSS OR WITHOUT CASH, WHAT DO YOU PREFER?



   Do you prefer a company that had losses for the past few months, but could pay all its suppliers or do you prefer a company that had profit, but faced difficulties to pay its suppliers? 

   Normally we think a profitable company is better because it is generating products or services, selling them and the result of all income less all expenses is positive. On the other hand, if a company is presenting losses means that it is not capable to sell enough products and services to meet all its expenses.

   However, it is not like that it is work.

   Let's think about the two scenarios:

Scenario 1 - Company showing losses but paying its suppliers:

   T-shirts Pty sells personalized t-shirts. The company buys raw material (white t-shirt), draw on the computer some cool designs and send both, the white t-shirts and the cool design, to Silk Pty that is going to produce those t-shirts.

   T-shirts Pty receives the sells in 10 days and pays Silk Pty after 20 days, so the cash flow is something like that:



   T-shirts Pty is smart because it is cash flow is playing within its objectives. You can see in the graph that there is $ 12,000 of administrative expenses and $ 13,000 of tax. Adding all revenues and expenses we find:






   The Profit/ Loss is : 

   The Cash Flow accumulated shows the company did not face difficulty in paying its debts during December, even though it showed a loss in this month.



   Scenario 2: Company showing a profit but not paying its suppliers.


    You can see the company has a great profit:

   However, the cash flow accumulated is not that good:


   In conclusion, I would rather own a company that is making losses but has a great cash flow, which makes the company pay suppliers and employees on due dates instead own a company that is making a great amount of profit ut is facing difficulties to pay its debts.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

10% MAIS FELIZ!


Dan Harris é o autor do livro 10% mais feliz, além de ser âncora de dois jornais nos EUA. Ele conta sua trajetória na TV como repórter e abre seu coração expondo como ele era um workaholic crápula que pisava nas pessoas para conseguir as melhores matérias. Quando estourava um conflito em algum lugar problemático do mundo sua mente pensava "tenho que conseguir esta matéria" e nem passava pela sua cabeça pensar na situação das pessoas que estavam naquela situação sofrendo.
Ele então descreve com grande perspicácia e de maneira envolvente como a meditação começou a entrar em sua vida e a tomar espaço na rotina diária e como ela a ajudou a melhorar sua postura como Ser Humano. Mas o grande fator benéfico foi como ela passou a melhorar sua perspectiva de vida sem se estressar com os fatores que não aconteceram ainda e que você não possui controle sobre eles.
Exemplo: Enfim após longos 12 meses de trabalho suas férias enfim chegaram e você está no táxi a caminho do aeroporto para pegar o avião. Faltam 4 horas para seu vôo e o trânsito está acima do normal, neste momento você deveria estar pelo menos na metade do caminho, mas ainda não chegou em 30% do trajeto. A imaginação começa a voar solta e você começa a ouvir a vozinha em sua cabeça "não vai dar tempo e você vai perder o avião", "vai custar caro para transferir a passagem para o próximo vôo", "não haverá lugar no próximo vôo e você terá de arrumar um lugar para dormir", "sua família vai ficar estressada e vão te encher o saco", "você vai perder uma diária no hotel que você reservou", "vai gastar dinheiro com hotel aqui e com comida".
O mais impressionante é que nada disso aconteceu e nem é certeza de que irá acontecer! Se o trânsito passar e você chegar no horário não vai mudar nada na sua vida. Se você perder o vôo, mas conseguir entrar no próximo sem custo o impacto na sua viagem será pequeno. Se você conseguir somente no dia seguinte, mas a companhia aérea te enviar para um hotel porque foi um evento atípico na cidade este trânsito, suas férias começarão mais cedo aqui mesmo.
São inúmeros SEs que podem ou não acontecer e que podem ou não influenciar este determinado momento de sua vida. E você se contorcendo no táxi sofrendo e pensando no pior cenário que possa ocorrer.
A meditação é justamente treinar a sua vida para para se concentrar no presente, não se arrependendo das escolhas do passado e não se preocupando sobre as possibilidades do futuro. É o "estar desperto" e "estar consciente".
No livro o autor relata como sua produtividade e sua capacidade de foco aumentaram consideravelmente após um período de prática rotineira. E isso fez com que ele conseguisse expandir a sua consciência para tomar decisões de uma maneira mais inteligente e prática.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

QUEM NUNCA FICOU DESEMPREGADO EM BUSCA DE UMA COLOCAÇÃO NO MERCADO QUE ATIRE A PRIMEIRA CARTEIRA DE TRABALHO!

Em algum momento de nossa vida as coisas parecem não andar da maneira que prevíamos (ou na velocidade que queremos) e a frustração e o desespero parecem ficar de tocaia ao lado de nosso pobre coração. Um "não" sobre uma posição de emprego ou ter de usar nossas reservas financeiras para quitar as contas diárias nos deixam vulneráveis e nossa motivação interna começa a ser esmagada por uma "vozinha maledeta" (como diria minha avó) dentro de nossa cabeça.

Acreditem, esta voz está lá. Ela te atormenta dizendo "olha aí, você está velho", "falei que era melhor ter estudado engenharia", "ihh, mais uma empresa pedindo um expert em SQL e você aí só mexendo em umas formulinhas de Excel".

Aí sua própria consciência pensa que este é aquele diabinho dos desenhos animados e você fica se questionando onde está o seu anjinho para contra argumentar este ser maldito das profundezas. E adivinha? Ele não existe! Ou melhor, tirou umas férias longas...

O desespero cresce, a frustração aumenta, a sua postura e o seu comportamento mudam e isso começa a afetar a sua relação interpessoal. Sua família vê que não há como conversar com você, pois agora você é parece uma bomba-relógio prestes a explodir. A vida perde aquela quantidade enorme de cores que você enxergava e passa a ver tudo em tons de cinza, e você não é Christian Grey.

O que fazer?

O melhor caminho é relaxar.




"Se você deixar a corda do violão muito frouxa, não sairá som. Porém se esticá-la demais ela irá arrebentar."

A questão é que no momento que estamos em uma situação desconfortável, pois temos que inventar um novo modo de voltar no trilho para continuar nossa jornada, nos cobramos demais. Os questionamentos sobre os inúmeros "SEs" de nosso passado ganham a briga sobre as inúmeras ecolhas certas que fizémos. 

Neste momento transitório que sua carreira se encontra o melhor é não esticar muito as cordas para não as arrebentar e usar este período para uma autorreflexão e um melhor direcionamento sobre o que fazer daqui em diante.

Dê um passo atrás e veja a situação toda de fora. Saia do problema e analise o macro. Observe as inúmeras possibilidades que estão à sua frente, pois muitas vezes conseguiremos enxergar um novo e melhor caminho que vá finalmente aquietar esta "vozinha maledeta" dentro de nossas cabeças.

Alecio Miari
Atuário - Financeiro - Contador
Em um momento transitório. :-)



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

10 DICAS PARA COMPRAR UM CARRO NA AUSTRÁLIA



   Comprar o primeiro carro na Austrália é um verdadeiro desafio. Primeiro não temos um domínio pleno da língua, segundo não sabemos o que olhar num carro e terceiro os carros usados aqui possuem uma quilometragem muito alta,comparados com o padrão brasileiro. Com o intuito de iluminar um pouco este caminho, segue algumas dicas que poderiam ter me auxiliado muito no momento que eu fui comprar o meu.

1. CARRO JAPONÊS É MELHOR?
   Ouvi de diversas pessoas que Toyota, Honda e Nissan são os melhores carros para se comprar porque eles duram muito mais e as peças são mais baratas. Inclusive quem não tinha alguma destas marcas argumentavam que eu TINHA de comprar uma delas. (???) Não sou engenheiro mecânico e nunca me interessei em aprender como um carro funciona e por isso não consigo bater o martelo sobre esta questão. O questionamento que me faço é "vou ficar com este carro até as rodas caírem ou quero trocá-lo daqui uns 3 anos?" Se vou ficar com ele até o final da vida então procuraria um carro japonês, caso contrário não faz diferença. Minha primeira dica é "Fuja dos estereótipos de que você tem de ter um carro japonês." É muito mais interessante fazer uma análise inicial boa do que comprar qualquer coisa só porque veio da terra do Sol nascente.

2. GUMTREE OU CONCESSIONÁRIA?
   O site de vendas daqui (www.gumtree.com.au) é o maior mercado de revendas de qualquer produto e você consegue achar muito anúncio de carro lá. Diversos anos, modelos e quilometragens o deixam maluco com tanta informação reunida. Nele você terá de agendar visita e negociar (SEMPRE negocie no Gumtree, mesmo que o anúncio diga que não aceita negociação) e avaliar o carro.
   Em contrapartida em uma concessionária você possui ajuda de um vendedor e sai com uma garantia que o carro foi revisado e que se der algum problema em determinadas peças eles as trocam. Nela os carros custarão mais caro do que no Gumtree.

   Então você tem de colocar na balança: Procurar sozinho e ter um trabalho maior vs Terceirizar este trabalho para a concessionária e pagar um pouco mais caro.

3. PROCURE NO RED BOOK,
   Há um site aqui na Austrália que funciona como uma tabela FIPE, ele é o www.redbook.com.au. Ele não é a lei sobre quanto determinado carro de determinado ano deve realmente custar, mas ele te dá uma boa orientação sobre o intervalo de preço do mesmo. 
Exemplo: Se um Corolla 2009 estiver com um range entre AUD 4,000 e AUD 6,000 então você deve esperar que os Corollas que estiverem perto de 6 mil têm de estar em perfeito estado e os com preço próximo de 4 mil devem ter detalhes a serem olhados (e talvez venham a causar preocupações futuras).

4. PEÇA O HISTÓRICO DO CARRO
   Diferentemente de quando você começa a namorar, tente saber tudo sobre os antigos usuários. Como? Pergunte sobre as revisões feitas, as trocas de óleo, de peças, pneus, etc. Alguém que cuida do carro possui um histórico minucioso e detalhado com as notas dos serviços realizados e carimbo das datas de tais serviços no manual de acompanhamento do carro. Pergunte se o dono possui seguro no carro e peça uma "negativa" do departamento de trânsito sobre multas e batidas, além é claro de verificar até quando vale o REGO (equivalente ao IPVA daqui).

5. CUIDADO COM O VENDEDOR
   O mais impressionante da Austrália é a mistura de culturas. Diferentes tipos de religiões, cores de pele, tipos de olhos, línguas, cabelos, convivem junto no mesmo espaço geográfico, cada qual trazendo seus próprios costumes. Por isso você verá culturas de pessoas que não são honestas e que tentam te enganar, ou que possuem uma habilidade impressionante na negociação. Neste momento pense como se estivesse em uma batalha e tente se defender e não ser influenciado pelo que a outra parte está tentando te vender. Um histórico no papel carimbado com o logo da oficina vale mais do que mil "parentes mecânicos que fazem a revisão". 

6. CARROS COM ALTA QUILOMETRAGENS NÃO SÃO NECESSARIAMENTE RUINS.
   A ausência de buracos em ruas, a cidade sendo plana e a gasolina sendo pura ajudam a aumentar em muito a conservação da mecânica do carro, resta avaliar como o antigo dono cuidou dele. A melhor opção é fazer as contas para ver quantos Km o carro rodou por ano. Por exemplo um carro com 10 anos e 90 mil Km tende a estar mais conservado do que um carro com 5 anos e 60 mil Km. Isso porque o 1º faz 9 mil Km por ano enquanto o 2º faz mais de 11 mil Km por ano.

7. OLHE O CARRO E FAÇA TEST-DRIVE
   Não somos especialistas no assunto, mas o básico conseguimos fazer. Abra o porta-mals e veja como está o estepe, a chave de roda, o triângulo e as ferramentas (eles aparentam novos e organizados ou está tudo solto e desgastado?). Olhe os sulcos nos pneus para ver se estão novos ou precisarão ser trocados em breve. Aperte todos os botões internos, abra portas e vidros. Pergunte sobre o manual e as duas chaves que o carro deve ter. Olhe se a bateria não está vazando e se aparentemente o motor e seus componentes estão todos em ordem. OLHE A LATARIA! Fuja desta conversa mole de "tem um descascado aqui e um amassado ali, mas a mecânica está ótima". Quem cuida do carro não deixa o mesmo chegar à este ponto, estética é sim importante!
   Faça o test-drive, sinta o carro. Acelere, breque, faça curvas. Pense em você dirigindo-o diariamente, é isso mesmo que você quer sentir?

8. PEÇA DESCONTO SEMPRE!
   Esqueça que no anúncio o vendedor colocou em letras garrafais que não aceita negociação. Não te custa nada tentar conseguir pelo menos o valor de transferência do veículo. Outra coisa é que eles adoram negociar, todo mundo entra no gumtree para especular e negociar (se você for vender também se prepare para virem ofertas bem menores).

9. PENSE SEMPRE NO RISCO vs RETORNO.

   Não há fórmula mágica. Por padrão se um carro está muito barato é porque algum problema tem e se um carro está muito bom ele vai custar mais caro. Resta você escolher se quer mexer (se tem conhecimento para mexer) no carro aos poucos ou se quer um que não te dê dor de cabeça e que seja só colocar gasolina e rodar.

10. TAKE YOUR TIME.

   Já diziam que "a pressa é inimiga da perfeição" e neste caso se aplica muito bem. Se você não se sentir 100% confortável com o carro que está analisando, não compre! Há centenas de anúncios, você encontrará outro que o agradará mais. Peça o histórico do carro, é obrigação do vendedor ter esta papelada, se ele não conseguir apresentar algo e você se incomodar com isso, fuja e parta para outro anúncio na internet. Paciência, calma e tempo (eu sei que não temos sempre este conjunto à disposição) nos ajudam muito em uma melhor tomada de decisão.

Todas estas dicas são pontos que eu acabei desenvolvendo na base das porradas que tomei. Tive problemas com meu primeiro carro, mas não com o segundo pois segui este passo a passo metodicamente. Acredito sim que tudo isso escrito acima pode ser encontrado e feito, principalmente no que diz respeito aos serviços. Eu possuo todo o histórico de tudo que aconteceu com este meu 2º carro e continuo mantendo-o, acrescentando os serviços que eu realizei e peças que troquei, além de possuir uma pintura e conservação impressionantes.

Boa sorte na sua empreitada!

domingo, 12 de fevereiro de 2017

ECONOMIZANDO COM A ESCOLA DOS FILHOS EM PERTH




   O desafio de morar fora é imenso. Você não conhece a língua que eles usam e terá de recomeçar do zero, desde abrir conta em banco e adquirir um novo número de celular até tirar os documentos pessoais e conseguir comprovar rendimentos para um simples aluguel.

   Mas isso tudo foi escolha sua. E alguém que foi obrigado a participar desta jornada? Sim, as crianças que acompanham os adultos nesta loucura toda não tiveram direito de escolha e nem voz ativa. Eu me incluo neste grupo, pois vim com meus dois filhos para cá, sendo um em idade escolar.

   Todas as dificuldades enfrentadas ao longo do trajeto me fizeram enxergar um caminho que pode ser trilhado mais facilmente e que ajudará os pequenos em sua adaptação.

1 - CONVERSE SEMPRE, DESDE O INÍCIO.

   Os que vêm com uma ideia de longo prazo sabem que o planejamento começa uns dois anos antes no Brasil, pois tem que pensar em IELTs, venda de bens pessoais, passagens, moradia, estruturação da vida aqui. Deixar os pequenos a par dos acontecimentos desde os primeiros passos é importantíssimo, pois vai preparando-os aos pouquinhos sobre a grande mudança que a família enfrentará. Você corre alguns riscos dele falar para a escola toda e a professora vir te questionar, mas é muito melhor deixá-los preparados. Coisas pequenas como "vamos mudar para a Austrália, não sabemos quando, mas vamos" "papai/ mamãe vão começar a fazer aula de inglês" e colar post-its nas coisas da casa (quando a viagem está mais próxima) com as palavras em inglês para eles irem se habituando ajudam bastante.

   Explicar como será no aeroporto, como será o voo, tempo de duração, o que terá para fazer, como será a conexão. Pedir a ajuda deles em carregar malas no aeroporto, colocá-los para escolher o que irão levar de brinquedos, roupas, etc..

   Só façam este passo a passo se tiverem certeza que vão até o fim, senão será muita confusão na cabecinha deles.

2 - PROCURE CASAS PERTO DE ESCOLAS QUE POSSUAM O IEC (INTENSIVE ENGLISH COURSE)

   Por mais cara que seja a escola que você paga(va) no Brasil, eles não terão uma fluência grande no inglês e por isso muito provável que eles tenham de frequentar este IEC que é um curso específico que puxa mais o inglês. Eles terão as matérias básicas como geografia, matemática, ciências e esportes, mas serão muito mais exigidos em vocabulário, estrutura gramatical, falar e ouvir.

   Não são todas as escolas que possuem o IEC e por isso se torna muito interessante se você alugar uma casa próxima, pois fica fácil levar e buscar os pequenos. Alguns amiguinhos de meu filho acordam duas horas antes do horário e ficam no ônibus escolar por quase uma hora e meia. Além disso quando eles se formarem nesta sala as crianças têm de frequentar a escola da região que você mora, se você já mora do lado da escola os seus filhos não terão de mudar (de novo) e ficarão na mesma escola, a diferença é que farão o curso normal.

   Quais locais que possuem este curso? Eu sei de Parkwood e Beaconsfield, mas acho que tem mais uma meia dúzia de escolas. Google!

3 - SIM, VOCÊ TEM DE PAGAR PELO CURSO

   Se você não é PR (Permanent Resident) você tem de pagar pela escola dos seus filhos, mas se você vier para fazer um Master há uma parceria com o departamento de educação que aloca seus filhos em uma escola como se você fosse um PR. Mas se o seu filho precisar deste IEC você terá de pagar pelo curso. Quais os valores?


   O IEC sai uns 3 mil dólares pagos no início do ano de uma única vez. Então se você vem fazendo mestrado (que já custa dois rins) se prepare para gastar mais este valor. Mas se o seu filho fizer um ano só de IEC, no ano seguinte você não gasta nada. Se ele não precisar de IEC a escola sai free. Se você tiver 4 filhos e todos sabem inglês e não precisam do IEC, todos podem estudar gratuitamente.

   Um estudante internacional em uma escola local (para o curso normal) vai gastar entre 7 e 10 mil dólares anuais (pagos de uma única vez no começo do ano). O valor varia de acordo com a idade dos filhos.

4 - MATERIAL ESCOLAR E UNIFORME

   A escola passa uma lista de material que você tem de adquirir e, se optar pode pedir diretamente com a escola que possui parceria com uma papelaria e que te entrega tudo pronto. Sim, há exageros de pedidos como no Brasil, mas os valores não chegam perto daqueles aos quais estamos acostumados. Optamos por comprar tudo com a escola, pois ajuda a estrutura deles com a parceria e ao longo do ano você vê que os materiais são bastante utilizados.

   O uniforme deve ser adquirido em uma única loja (olha o monopólio) e os valores não são tão baratos assim, mas a escola é muito flexível. Eles por exemplo me disseram para comprar somente a camiseta na loja e adquirir as bermudas e calças na BIG W, onde você paga menos de 5 dólares por peça. Fora isso a escola possui uniformes de segunda mão e "achados e perdidos". Os de segunda mão foram doados por ex-estudantes e são mais baratos e os achados e perdidos a escola pede pelo amor de Deus para levar embora porque os estudantes perdem e os pais simplesmente não pegam de volta. Se você chegar e pedir doação de algum achado e perdido eles liberam.

5 - TRANSPORTE

   Como eu disse anteriormente busque casas próxima a escola, pois assim você pode levar os pequenos a pé ou de bicicleta/ patinete (na escola há local para estacionar tais veículos das crianças). Caso more longe você precisará ter um carro ou levá-los de transporte público. A escola ainda possui a possibilidade de um ônibus escolar que pode passar para buscá-los. Não sei como funciona e quais os valores, este quesito deve ser visto junto à escola.

   Mas como dica eu friso novamente em alugar uma casa próxima à escola. Não estamos vindo aqui para melhor qualidade de vida? Que tal começar com uma estrutura interessante para o núcleo familiar? Ir a pé para a escola e as crianças chegarem cedo em casa não tem preço.

6 - PREPARE-SE PARA COZINHAR

   Você tem de mandar lanche da manhã e almoço TODOS os dias. Cabe a ressalva de que os almoços dos australianos não são o velho arroz e feijão com bife diários, eles comem pratos rápidos como wraps, saladas e tortas. Isso sendo bonzinho, pois há muitos que só tomam um café/ chá com bolachas.

   Fiz este comentário, pois você verá que os almoços das crianças são mais lanches rápidos do que comida propriamente dito. Nós aqui nos esforçamos (minha esposa que faz um esforço descomunal nesta questão, sou muito grato!) em tentar balancear este cardápio mandando mais vezes comida do que lanches (saudáveis).

7- GET INVOLVED

   Se envolva na sua comunidade. A escola possui necessidades de voluntários em posições como ajudar na cantina e em eventos específicos, estas são ótimas oportunidades de se envolver e ajudar a comunidade a qual faz parte e ficar mais próximo das atividades escolares de seus filhos. Ano passado eu conhecia a professora, a assistente, a diretora do curso IEC, a secretária e a psicóloga. Isso porque me fazia presente nas reuniões, minha esposa e eu nos voluntariamos em eventos, tiramos dúvidas pessoalmente com as profissionais da escola (que são todas uns amores e que nos tratam com um respeito incríveis!).

   Na apresentação final da escola vi pais falando: "Nice to meet you" para a professora, amiguinhos estes que moravam longe da escola, impossibilitando um contato mais próximo, ou pais que simplesmente não participaram de nada. Ficamos amigos de famílias de amiguinhos de nosso filho (que frequentam nossa casa e vice-versa) por causa desta nossa postura mais ativa na educação dele. 

Não fique inerte, recomece sua vida em todos os sentidos!

   Enfim, Get Involved!

8 - ESTUDOS E LIÇÃO DE CASA

   Meu filho recebia lição de casa toda 6a feira para entregar na 2a e todo dia vinha um livrinho da biblioteca da escola para ler. Religiosamente ele leu o livro do dia antes de dormir treinando sua pronúncia e absorvendo vocabulário e fez suas lições nos finais de semana. Ao final do ano ele leu mais de 500 páginas e obteve uma evolução absurda em seu ensino. O papel da família em dar suporte e ajudá-lo nas atividades que vêm para casa é importantíssimo.

   Meu filho por exemplo é muito tímido, mas no final do ano foi orador em uma apresentação (por escolha dele) falando na frente de toda a escola. Nosso papel de pais encorajando-o e conversando para entender como ele se sentia ao longo do ano foi fundamental.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

QUAL O FUTURO DA ECONOMIA EM NOSSO PLANETA??



   Um dos pontos mais desafiadores no mundo atual é conseguir entender o caminho que estamos percorrendo com esta economia globalizada e qual os próximos passos que poderemos vir a ter de enfrentar.

   Penso que não haja uma orientação de para onde a nossa sociedade se encaminha. 

   Podem reparar que não conseguimos afirmar as consequências para cada ação que ocorre em nossas sociedades com extrema precisão. Se o crescimento do país diminui, dizemos que a inflação irá subir e, por consequência, a taxa de juros vai subir para fazer com que as famílias se endividem menos. Dessa maneira a inflação passa a ser contida.

   Tá, mas e aí? Qual a probabilidade da porcentagem de subida de juros caso a inflação atinja um valor determinado? 

   Por exemplo: se o país sofrer uma recessão de 5%, posso afirmar que os juros vão chegar nos 10%? E que esta subida de juros impactará as compras da população em 15%? E que tudo isso causa uma estagnação de 2 anos na economia e no crescimento do país? E que esta estagnação vai impactar a política e as tomadas de decisões da população?

   Eu quero um algo a mais. Quero saber os rumos que nossa sociedade (São Paulo-Perth / Brasil-Austrália / América do Sul-Oceania / Planeta Terra) está tomando. Quero entender o futuro que nos espera para que possamos nos planejar, nos precaver.



   
   E infelizmente não encontro respostas, muito pelo contrário; para cada vasculhada, a sensação é de que estou chegando à lugar nenhum, que estou perdido. Mais perguntas rondam minha mente e me levam ao distanciamento do entendimento.

   Não consigo enxergar que a economia seja sustentável. Ela não me passa a segurança de que há uma cadência nos acontecimentos e que a cada período ela evolui para algo maior. Ela não me passa a convicção de que estamos em um caminho confortável e que os percalços que encontramos até o momento são passageiros.
  
   A sensação que tenho é que os percalços são focos de incêndio que por enquanto temos conseguido estancar. Mas ainda acredito que haverá uma grande explosão que não terá como parar.



   Tivemos um aperitivo no ano de 2008. "Nunca antes na história de nenhum país" houve uma quebradeira tão louca como aquela! Empresas de hipotecas, seguradoras, financeiras e por fim o Bear Stearns. Grande banco, forte, impactante na economia americana. Tudo virou pó!

   Hoje 2017 temos a crise Chinesa e o Trump assumindo o poder no EUA. Brasil uma zona política com inúmeras teorias da conspiração. Austrália andando em marcha lenta esperando algo no mundo se modificar.



   Será que corremos novos riscos? Ou estas recessões/ depressões são partes do caminho glorioso que nos espera no futuro? Só o tempo poderá nos dizer. Enquanto esperamos, este que vos tecla continuará dando seus pitacos.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

WHY DICK SMITH COLLAPSED



   Em Março de 2015, Jamie Tomlinson recebeu um e-mail do presidente da Dick Smith, Rob Murray, pedindo para ele integrar o corpo diretivo da gigante de eletrônicos.

   "Você encontrará os clássicos desafios de uma loja de varejo tentando estender os prazos de pagamentos junto aos fornecedores e alavancar as vendas." Murray disse para Tomlinson na época.

    9 meses depois a Dick Smith entrou em colapso deixando os credores com uma dívida de $ 260 milhões, vencimentos cujo prazo era menor do que um ano.
   


   A hora que a falcatrua vem à tona as pessoas tendem a empurrar a culpa na pessoa do lado (e isso não é só no Brasil que acontece!  :-o )...

   Tomlinson culpa Nick Abboud, seu antecessor, sobre ter adotado estratégias muito passivas no setor, tentando focar em criação de produtos de marca própria e mantendo um péssimo relacionamento com os fornecedores.

   Abboud chegou a citar que "Não há nada errado em deitar na cama e esperar a água ferver na chaleira" e Tomlison rebateu que "Não há lógica alguma em esperar deitado na cama a água ferver. Se você é muito preguiçoso para levantar da cama e olhar a água, então a Dick Smith não possuía vantagem competitiva alguma no mercado".

   O mais surpreendente desta história toda é que dois anos antes a Dick Smith havia levantado $ 520 milhões com a abertura de seu capital na bolsa de valores ASX. Como uma empresa entra em colapso dois anos após esta injeção de capital?

   Tomlinson descobriu que em Outubro/2015 a empresa possuía 12 anos de estoque de pilhas AA de marca própria. Ele andava pelas lojas e, olhando os celulares nas vitrines, se perguntava: "quem vai querer comprar estes aparelhos?"

   Outro ponto chave foi a imensa quantidade de produtos ofertados que formavam um mix sem seguir um padrão lógico. Isso se devia ao vício que estas empresas de varejo possuem nos famosos rebates com os fornecedores. (rebate é uma estratégia de vendas onde eles compram uma quantidade mínima do fornecedor e, após esta quantidade ter sido alcançada e ter sido paga, o vendedor reembolsa um valor ao comprador. Esta estratégia é utilizada pelo vendedor para que consiga aumentar suas vendas e usada pelo comprador para diminuir o custo de aquisição dos bens).

   O problema dos rebates é que você pode cair em uma armadilha de comprar produtos desnecessários ou adquirir uma quantidade que não possui demanda de mercado.Em outras palavras a estratégia da empresa começa a ser norteada em função dos rebates dos fornecedores ao invés da demanda de mercado.

   A fórmula da desgraça se fez completa: um ex-dirigente que "esperava a chaleira ferver enquanto estava deitado na cama" + uma estratégia agressiva de marca própria (inflando seu estoque) + procurar pelos rebates ao invés de olhar a demanda do mercado. (saiba mais sobre como funciona a lei da demanda no post: PREVISÕES PARA O MERCADO IMOBILIÁRIO 2017).

   Pronto: temos uma loja com uma variedade imensa de produtos inúteis/ ultrapassados que não serão vendidos e um estoque gigantesco virando lixo a cada dia que passa. Uma catástrofe em proporções apocalípticas.

   Fiz um post sobre uma loja que está enfrentando uma dificuldade parecida (ESCÂNDALO NO COLES E NA TARGET). A diferença é que a Target, apesar de apresentar um rombo gigantesco, faz parte de um conglomerado de empresas muito forte que pode ser que tenha fôlego para segurar a bomba e retomar um caminho mais saudável. Infelizmente a Dick Smith não tinha uma retaguarda destas...

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O ÚLTIMO QUE SAIR FECHA A PORTA



   Resumidamente minha esposa e eu estávamos cansados do Brasil por "n" motivos (POR QUE EU REALMENTE DEIXEI O BRASIL) e pensamos em imigrar para o Canadá. Frio e língua acabaram nos afastando da ideia de ir para lá, mas continuamos com essa chama de "quero morar em outro lugar" acesa. Acabamos vindo parar aqui. (Que bom!)

   Nos processos de pesquisa e planejamento você acaba conhecendo muitas pessoas com os mesmos ideais que o seu e a comunidade de "futuros imigrantes" acaba crescendo e criando laços fortes. Parece que as pessoas se tornam mais solidárias tentando ajudar ao máximo umas às outras.

   Foi em uma destas dicas que minha esposa descobriu o documentário "O último que sair fecha a porta" que acompanhou algumas pessoas em seus processos de imigração e principalmente os motivos que as levaram a tomar esta decisão.

   Apesar dele ser voltado para a imigração no Canadá, mais especificamente Quebec (que tem como língua principal o francês), acho ele muito válido para nós "Braustralianos" pois acredito que muitos se verão nestas situações.

   O interessante é que o documentário acompanha um pessoal de uma classe média, ou média-alta e uma garota de uma classe baixa entendendo cada um dos motivos deles. Ele também tenta ser imparcial ouvindo o lado da professora canadense que trocou o Quebéc por São Paulo (e que não entende o por quê seus alunos querem sair do Brasil), além de uma brasileira diretora do setor de imigração para o Quebéc.

   Dentro das emocionantes histórias como "querer melhorar de vida" ou "sofri um sequestro-relâmpago e não consigo mais sair sem medo" uma em especial me chamou a atenção. Na verdade uma frase usada por uma das mulheres que estavam imigrando:

"Eu amo o trabalho que eu tenho. Adoro as pessoas de lá, gosto do que faço, gosto do meu chefe, é o emprego que eu sempre quis ter. Vai ser muito difícil deixar a Motorola. Mas o que as pessoas precisam entender é que eu estou trocando uma vida por outra e não um emprego."

   Esta tem sido a frase que levo para mim respondendo minha pergunta do por quê ter mudado do Brasil para Austrália.

   Aproveitem o documentário: