sexta-feira, 22 de abril de 2016

Aplicar no Brasil ou transferir o dinheiro para o país que você mora?



   Ao iniciar sua vida em um país estrangeiro, no qual você não conhece o mercado e os produtos financeiros disponíveis, bate uma dúvida angustiante: Transferir o dinheiro guardado no Brasil para cá ou aplicar em algum investimento lá?

   Esta pergunta é repleta de questionamentos e muito complexa e isso se deve ao fato de que temos de levar em conta muitos pontos que variam a todo momento em diversas áreas. Com isso fica muito difícil de acompanhar a evolução de cada um deles e qual o melhor momento para tomar uma decisão.


 

   O primeiro passo é analisar os fatores envolvidos. Temos que ter em mente que nossa análise se baseará no investimento que podemos aplicar o dinheiro e o rendimento que ele proporcionará menos os impostos e taxas versus a cotação das moedas mais a taxa de câmbio. No final o melhor acaba sendo deixar o dinheiro rendendo no Brasil o máximo de tempo possível ou transferir para o país que você está morando?

  Vamos organizar os pontos. Precisamos deixar claros os itens que precisarão ser pesquisados:


  1. TIPOS DE PRODUTOS: Quais investimentos tenho acesso?
  2. RENDIMENTOS: Quanto eles proporcionam de rendimento? Qual a aplicação mínima?
  3. IMPOSTOS: Quais impostos incidirão sobre ele? Eles dependem do prazo que ficará investido?
  4. TAXAS: Quais taxas são cobradas pelos agentes? (corretoras, bancos, financeiras) 
  5. COTAÇÃO: É muito volátil e muda dia a dia, mas conseguimos definir um range de flutuação onde compensa deixar o dinheiro investido.
  6. TAXA DE CÂMBIO: Não dá para fugir desta taxa, mas é preciso entendê-la, pois se ela for cobrada em moeda estrangeira você terá de acompanhar outro câmbio.



   1. A primeira pergunta a se fazer é se tenho conhecimento suficiente para aplicar em algum determinado produto específico (como Letras de Crédito ou Tesouro Direto). Caso não possua conhecimento analise o que seu banco tem a oferecer e aí entramos na segunda pergunta: A segunda pergunta é se minha conta-corrente no banco brasileiro contempla produtos mais sofisticados que proporcionariam um rendimento mais interessante.

   2. "Dinheiro atrai dinheiro" então só as contas mais tops dos bancos terão fundos de investimento e CDBs com rentabilidades maiores daqueles produtos que são oferecidos para a grande massa. O que ocorre é que normalmente você tem que entrar com um caminhão de dinheiro no fundo, senão ele não aceita sua participação.

3. Estou partindo do princípio que este é um dinheiro acumulado com muito carinho ao longo dos anos e não serve para "correr riscos", com isso entendo que ele será apicado em investimentos seguros com alto grau de liquidez e baixo risco. Em outras palavras vamos aplicar em Renda Fixa. Neste segmento de aplicação temos o IR com uma tabela regressiva onde quanto maior o tempo de aplicação, menor o recolhimento de imposto. Para se chegar à menor alíquota o investimento tem de ser mantido por pelo menos dois anos. O IOF só incidirá se o investimento for resgatado nos primeiros  trinta dias e a CPMF temos de aguardar o que vão decidir...

4. Normalmente é cobrada uma taxa de administração, mas não raro podemos nos deparar com taxas de compra e venda e de performance (quanto maior o rendimento que o gestor conseguir, maior a taxa que o agente cobrará de você). Dê uma pesquisada porque dá para se pagar somente a taxa de administração, procure um agente que satisfaça esta condição.

5. Não precisamos ficar conectados 24 hs por dia acompanhando a cotação, podemos definir um range aceitável para nosso planejamento. Por exemplo podemos definir que o dólar australiano custando até R$ 4 vale a pena deixar aplicado, acima disso compensa zerar tudo e transferir.

6. Atrelada à cotação temos a taxa de câmbio e a mesma deve ser levada em conta porque se ela não for em R$ ela trará mais variabilidade às suas análises.


SIMPLIFICANDO...



   Temos que criar uma lógica matemática que faça este complexo cálculo e que nos apresente o resultado final a cada inserção de dados. A fórmula deve ser um comparativo entre o rendimento líquido e o custo de transferência do dinheiro. Comece montando o cálculo para o investimento:


   Depois disso podemos partir para entender quanto este dinheiro de aplicação vale para nós no país que moramos:

   Tá, mas estes números não dizem nada. Sim, concordo que se não houver um outro entendimento por trás de tudo isso, eles não farão sentido. O ponto que quero chegar é quando você precisará mandar dinheiro para o país que você mora? Neste exemplo estou chutando que não haverá necessidade de enviar dinheiro nos próximos dois anos e isso nos dá outro fator interessante para comparar:


   A montagem da estrutura que é chata, mas depois de pronta você fica com uma planilha que calcula automaticamente quanto você possuirá no período estipulado e quanto ele representará se comparado com a aplicação inicial. Com estes dados em mãos fica mais fácil decidir pela aplicação dos valores no próprio Brasil, mesmo tomando um câmbio alto na transferência.

terça-feira, 12 de abril de 2016

PORQUE ESTOU FUGINDO DE TESOURO DIRETO EM 2016!



   Não, eu não acredito em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e na administração do atual governo brasileiro. Vamos relembrar um pouquinho?

   Em 2015 o governo tinha uma previsão orçamentária de SUPERÁVIT de 55 BILHÕES de reais, ou seja, fecharíamos as contas com 55 BI de lucro (opaaa!!!! Aí sim). Mas infelizmente no meio do caminho eles tiveram de rever a previsão e ajustá-la para 5 BILHÕES de reais de lucro (porra, os caras erraram uma previsão em 50 BI? Tá, mas pelo menos ainda é um lucrinho). Aí eles vieram ao mercado novamente dizendo que erraram novamente e que a nova previsão era fechar 2015 em 30 BILHÕES de reais NEGATIVOS (ow mother fucker!). Confira nos meus links sobre o assunto: Projeção de Déficit para o Brasil e Fechando as contas no Vermelho.

   E só para vocês saberem, o Brasil fechou 2015 com um rombo de 111 BILHÕES de reais! (Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/01/rombo-nas-contas-publicas-soma-r-111-bilhoes-em-2015-maior-da-historia.html).


   Agora estamos em 2016. Ano novo, vida nova, contas novas. (alguém acredita em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e na administração do atual governo brasileiro?)

   Vamos às explicações...

   A previsão para o ano de 2016 é um SUPERAVIT de 24 BILHÕES de reais, muito menor do que os 55 BILHÕES que eles previram para 2015 e que erraram SÓ 166 BILHÕES DE REAIS! Então você já começa a ficar muito desconfortável que a previsão é menor do que a cagada que eles fizeram ano passado.

   Aí a cereja do bolo é que destes 24 BILHÕES positivos, ela está contando com 10 BILHÕES de arrecadação da CPMF!!! Nem foi aprovada ainda a volta deste martírio; o imposto mais inútil que eu já conheci em toda a minha reles existência ainda transita nas casas de aprovação e o governo já emite um orçamento contando com ele. Não, eu não estou brincando, está publicado no Diário Oficial.


   Outro ponto é que a previsão para a inflação é de 6,47%, ou seja, quem deixar o dinheiro na poupança vai perder valor de compra até o final do ano. Acho melhor sacá-o e guardá-lo embaixo do colchão usando-o para churrascos ao longo de 2016.

  Mas afinal, vale a pena investir em Tesouro Direto neste ano de 2016? Veja a tabela de rentabilidade a qual estão sendo negociados e avalie se vale a pena investir:



   Os rendimentos são muito bons! Uma LTN com vencimento em 2019 está pagando 13,43% a.a. e uma NTNB Princ paga 6,29% + inflação (que vimos acima que possui um target de 6,47% para 2016). Então os títulos estão sendo bem cotados? Vale a pena investir?

   Uma coisa que normalmente as pessoas não analisam é o risco do investimento e este é um ponto chave na tomada de decisão. Você precisa analisar a situação como um todo para poder tomar a melhor decisão.

   Quanto maior o potencial de retorno, maior o risco. Como se diz no mercado 'não existe almoço grátis' e por isso se algo está pagando bem é porque o risco é elevado, não existe mágica.

   Neste atual momento conturbado da situação política-econômica do Brasil, o rebaixamento das notas das consultorias de risco classificando o Brasil como 'possível caloteiro', inflação alta, desemprego alto, selic alta, etc, eu acho que estes títulos estão é pagando pouco.

   Para se correr diversos riscos em muitas frentes possíveis, com inúmeras entidades físicas, jurídicas e governamentais que podem tomar decisões baseado num lance de dados, eu acredito veemente que 2016 NÃO é um bom ano para se investir em títulos públicos. Mesmo que este governo caia (quem entra no lugar?) as coisas demoram para se ajeitar. O trabalho que for feito no momento para tentar equilibrar as contas e direcionar a economia para patamares saudáveis demorará a surtir efeito consistente e isso só me diz para não confiar neste instrumento financeiro neste momento.

   Esta não é uma recomendação de tomada de decisão. É só o compartilhamento de minhas ideias e como vejo o mercado no momento.