segunda-feira, 25 de julho de 2016

COMO COMPRAR UMA CASA GANHANDO 20 DÓLARES POR HORA?



   Algumas perguntas são realmente instigantes e uma em particular é a que dá nome à este post. Afinal de contas, como posso almejar comprar uma casa num valor de $ 300 mil (isso porque estou sendo generoso no preço) se ganho uma média de $ 20 por hora? A explicação é simples.

   O dinheiro que entra atualmente serve para pagar as despesas do dia a dia e para manter um básico em sua vida. Temos de custear o aluguel semanal, o transporte para trabalho e estudo, alimentação, celular e internet. Fora isso ainda temos a preocupação de valores com renovações de visto e de matrícula em cursos. Além de toda esta lista ainda vamos inserir uma compra de casa? Parece loucura! Isso porque eu não inclui uma troca de celular, de carro, de vídeo game, compra de móveis, de roupas.

   Como então enxergar a compra de uma casa neste marzão de despesas?



   A lógica da coisa é tratar o dinheiro que você recebe de maneira diferente, classificando-o e separando em medidas de tempo distintas. Parece confuso, mas tentarei ser o mais didático possível.

   Você possui gastos semanais e mensais, que nada mais são do que aquelas despesas citadas acima sobre manter o seu dia a dia. Satisfazer as necessidades básicas para a continuidade de sua vida são gastos já inerentes à sua conta e que nem precisam ser pensados, pois você sabe que os terá sempre com certa frequência.

   Vamos classificar estes gastos como de curto prazo.

   Em um segundo degrau, podemos enxergar gastos que se apresentam em um prazo maior, tais como comprar um carro, mobiliar a casa, comprar roupas novas, trocar de celular, fazer uma viagem. Estas despesas possuem uma maior complexidade e precisam ser pensadas, planejadas. Elas não fazem parte do seu dia a dia e você pode viver sem tê-las, mas você escolhe incluí-las em seu orçamento para  receber um certo luxo a mais em sua vida.

   Estes são os gastos de médio prazo.

   No último dos degraus encontramos as mais difíceis (e que muitas vezes pensamos ser praticamente impossíveis). Elas são as que apresentam um enorme volume de dinheiro e requerem força, energia, trabalho e muito tempo para serem alcançadas. A compra de uma casa e uma aposentadoria confortável são as principais.

   Estas são pela lógica as de longo prazo.



   Então da mesma maneira como possuímos despesas que serão utilizadas no curto médio e longo prazo, devemos dividir nosso dinheiro e classificá-lo da mesma maneira. Afinal, como pagar uma conta de aluguel com o percentual destinado à compra da casa própria?

   A ideia central é enxergar que seu dinheiro possuirá uso em diferentes momentos de sua vida, mas que para isso ocorrer você deve dividi-lo e guarda-lo para cada ocasião. Esta é a velha máxima de liquidez que o investimento possui. 

   Dinheiros de curto prazo sempre ficarão na poupança onde o resgate é rápido e não há incidência de imposto. Já os de longo prazo podem ser aplicados em produtos financeiros mais sofisticados que demandarão mais tempo para o resgate e que possuirão incidência de impostos.

   Dessa maneira você tem dinheiro à mão para despesas imediatas e emergenciais e guardará dinheiro para os projetos mais audaciosos.

  
MAS NEM TUDO É O QUE PARECE!



   Infelizmente como tudo nesta vida a teoria é linda e a prática é difícil. A ideia que este post trás acaba sendo muito boa e interessante, mas a grande dificuldade é lidar com as demandas financeiras do dia a dia mantendo o foco nos objetivos futuros. É para isso que existe o Planejamento e o Acompanhamento Financeiros.

  Para terminar deixo um Check List como lição de casa:

1. Definir seus objetivos de curto, médio e longo prazo;
2. Determinar o montante necessário para obtê-los;
3. Montar um plano estratégico que o fará alcançá-los;
4. Colocar em prática este plano todo santo dia!


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Até a próxima.

Alecio Miari
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terça-feira, 19 de julho de 2016

QUANDO O COMODISMO NOS TORNA VAGABUNDOS



   A vida fica muito mais simples e descomplicada quando alguns pontos específicos são satisfeitos nos proporcionando maior tranquilidade e segurança. São eles:

   1. Economia Estável: quando a economia do local onde vivemos é estável não precisamos nos preocupar que haverá um aumento absurdo nos preços de coisas básicas como alimentos e vestimentas. Ficamos mais tranquilos em saber que o preço destes produtos será o mesmo no começo ou no final do mês, e muito provavelmente será o mesmo no final do ano. Não precisamos então sair correndo para estocar produtos assim que recebemos o salário.

   2. Apoio do Governo: Contribuímos com altas taxas de juros que deveriam ser revertidas em benefícios para a população, afinal Brasileiro não se importa em pagar impostos. O salário que recebemos serve para comprar as coisas básicas que necessitamos para viver mais os luxos que nos damos de presente para passar este pouco tempo que nos é destinado neste planeta. Quando o governo nos dá o respaldo de proporcionar bom transporte público, saúde, educação, segurança, etc. temos a sensação de termos um back up caso as coisas deem errado.

   3. Menor Desigualdade Social: Quando o valor da hora trabalhada não diferencia tanto entre as diversas profissões isso ajuda as pessoas a não possuírem absurdas diferenças nas classes sociais. Um atendente de um café vai ganhar algo próximo a um cara de escritório desenvolvendo atividades administrativas.



   Isso tudo é muito bom e um grande sonho de consumo para todos que buscam uma maior qualidade de vida. Governo ajudando, pessoas ganhando salários semelhantes e não termos surpresa na economia do local. Infelizmente nada é um mar de rosas e parece que a vida sempre arruma um jeito equilibrar as coisas (não existe sociedade utópica nem distópica, é sempre um meio termo).

   Todos estes benefícios sendo colocados à disposição da população sem exigir praticamente nada de retorno começa a trazer consequências estranhas e irregulares. As pessoas acabam então abandonando os estudos precocemente porque tanto faz se elas trabalharem servindo mesa (que não precisa pensar nada) ou desenvolvendo um planejamento financeiro para os próximos três anos (que requer anos de estudo e experiência, além de acompanhar diariamente o andamento do mercado).

   Como o governo proporciona um monte de facilidades como por exemplo pagar indefinidamente um tipo de seguro-desemprego e pagar para você fazer faculdade (você pode simplesmente abandonar o trabalho e parar de contribuir para a economia e simplesmente ficar recebendo para se manter, mesmo que seja mais do que o suficiente e que você ainda tenha muito tempo livre), você começa a não se preocupar nem um pouco com o futuro.

   A desigualdade social é mínima e por isso as pessoas acabam frequentando os mesmos locais e adquirindo bens similares. Um estudante que está sendo "bancado pelo governo" pode comprar o celular que acabou de ser lançado mesmo sem trabalhar, da mesma maneira que um cara que bate ponto de 2ª a 6ª fazendo oito horas diárias.

   Aparentemente começam a surgir outro tipo de injustiças. Das pessoas que trabalham, estudam e se esforçam estarem bancando a boa vida dos que querem só sombra e água fresca.



  Mas e a saída disso tudo?

  Bem, o governo pode cortar certos privilégios que são absurdos e colocar este povo todo para trabalhar, gerando renda e riqueza para a economia e benefícios para a comunidade local. Isso sim se torna um país sustentável onde todos se ajudam e trabalham para um bem maior e comum.

  Já diz a frase de mercado financeiro: "Não existe almoço grátis" então batalhe, se esforce e corra atrás que as sementes jogadas e cuidadas hoje renderão boas árvores com suculentos frutos no futuro. E se para isso acontecer elas precisam de anos de dedicação e cuidado, por que com você será diferente? Serão preciso anos de trabalho, foco, planejamento e execução para chegar à realidade tão sonhada neste país de oportunidades.

   Este post tem o intuito de trazer à tona a outra face do post da semana passada PORQUE A AUSTRÁLIA TEM UMA ECONOMIA MAIS SAUDÁVEL.

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Até a próxima!

Alecio Miari

terça-feira, 12 de julho de 2016

PORQUE A AUSTRÁLIA TEM UMA ECONOMIA MAIS SAUDÁVEL.


      Às vezes precisamos aprender algo novo para entender algo antigo. E coisas que podem não possuir relação alguma entre si (ou aparentar não possuir relação entre si). Vou contar uma historinha...

   Há muito tempo em um vilarejo um viajante chegou em uma pousada, pediu um quarto e pagou 100 adiantado pela estadia. Assim que o viajante foi para o quarto o dono da pousada saiu correndo para pagar 100 ao dono da padaria que ele devia. O dono da padaria pegou o dinheiro e foi pagar 100 ao dono da loja de roupas que ele devia. O dono da loja de roupas recebeu o dinheiro e foi pagar 100 ao açougueiro que ele devia. Por fim o açougueiro recebeu o dinheiro e foi pagar 100 ao dono da pousada.
   Assim que o dinheiro chegou novamente às mãos do dono da pousada, o viajante desceu do quarto e disse que não tinha gostado das acomodações e que preferia ir embora. Recebeu seus 100 de volta e se mandou.

   Ouvi esta história há muito tempo e na ocasião não tinha entendido e nem concordado com a linha de raciocínio, mas agora vivendo em um local com uma estrutura financeira diferente daquela com a qual eu estava habituado eu compreendi e concordei com esta ideia.

   A lógica toda da coisa é que "dinheiro na mão é vendaval", mas tanto para receber quanto para gastar e isso ajuda a economia do local a girar, evitando assim que hajam desfalques nos pagamentos, juros altos e estagnação monetária (a população não fica acumulando dinheiro com medo de gastar por causa de incertezas futuras).


   Minha realidade era o de receber um salário fixo mensalmente. Todo dia específico entrava um valor previamente acordado em minha conta corrente e eu tinha de me planejar para pagar minhas contas (também mensais) nos dias que os fornecedores disseram que eu tinha de pagar.

   Os trinta dias demoram muito a chegar e muitos artigos que você gostaria de ter comprado ao longo do mês são deixados de lado porque você não tinha dinheiro vivo nas mãos. Aí que entra o famigerado cartão de crédito que possibilita adquirir tais bens com a promessa de pagá-los depois (ou parcelá-los a perder de vista) e então começa um cabo de guerra entre Valor do Desconto à Vista x Valor dos Juros no Parcelamento. E isso só causa mais um estresse no dia a dia do trabalhador que precisa fazer contas e pensar nas possibilidades de escolhas.

   Esta demora no recebimento de seus rendimentos faz com que você tenha maior insegurança em comprar algo novo. O dinheiro passa a ser mais controlado e você tende a poupar mais (sem ter um objetivo em vista, é só poupar pela incerteza mesmo). Ou então chuta o balde e soca compra no cartão de crédito, aí quando o salário entra ele serve praticamente para zerar a fatura e, como ainda faltam 30 dias para o próximo, torra as despesas no crédito novamente. E a bola de neve vai aumentando mês a mês.

   A demora no recebimento faz com que as pessoas percam o controle de quanto podem gastar e acabam exagerando. Neste momento é quando a inadimplência aumenta e os calotes começam. As pessoas necessitam de liquidez para girar as despesas do mês, mas a maior demanda por crédito faz com que os juros cobrados sejam maiores. Aquelas pessoas controladas preferem guardar dinheiro porque os juros renderão boas quantias para o futuro incerto. E novamente a economia trava.

   Outra questão importante é a justiça do recebimento. Um salário fixo independe da produtividade do colaborador e muitas vezes a empresa mantém um funcionário medíocre porque mandá-lo embora é mais burocrático e traz uma dor de cabeça maior. Isso dá armas na mão deste empregado que falta por qualquer doença e faz corpo mole, já que o seu está garantido no final do mês.

   Um último ponto interessante é a transformação de custos variáveis em fixos. Comento isso pensando na questão de estacionamento que você tem de pagar para deixar seu carro durante sua jornada de trabalho. Um salário fixo dentro de uma jornada fixa, faz com que seu estacionamento seja tratado como custo fixo, aí toca chorar para o dono do estacionamento aliviar a mensalidade nas suas férias...



   Em contrapartida um trabalho que é remunerado de acordo com a quantidade de horas que você faz acaba se tornando mais justo para ambas as partes. O empregador escalará (ou deveria escalar) aqueles empregados que contribuem mais (com uma melhor qualidade) para a sua empresa. O empregado trabalha quando estiver a fim e se quiser pode escolher ficar em uma 4ª feira em casa por exemplo. Ninguém se estressa: ambos acertam a remuneração de acordo com a quantidade trabalhada. Além do que o estacionamento é diário, ou seja, é um custo variável que impacta diretamente o valor daquele dia de trabalho. (você já fez a conta de quanto sai o valor do estacionamento fixo por dia de trabalho? )

Deixo aqui um exemplo para ilustrar.

   Uma pessoa recebe 3,000 dinheiros por mês e paga 300 fixos de estacionamento e 1,200 de aluguel.



   Alguém conseguiu enxergar rapidamente que esta pessoa recebe 100 por dia, paga 300 de aluguel por semana e 10 de estacionamento por dia? 

   Por fim o maior ponto interessante é que tanto o recebimento quanto as despesas (em sua maioria) são semanais. Ou seja, toda semana você tem dinheiro na mão e toda semana tem que pagar conta (quando não for diário o pagamento, como por exemplo o estacionamento).

   Usando o mesmo exemplo anterior...



    A conta fica mais rápida porque você calcula o quanto vai receber de acordo com as horas trabalhadas, desconta o estacionamento e junta o dinheiro necessário para o aluguel. Enxergamos que por exemplo a pessoa não recebe 100 pelo dia de trabalho, mas sim 90 (100 do dia menos 10 de estacionamento). E também fica mais fácil de entender que esta pessoa paga dois dias de aluguel para cada dia trabalhado.

   O saldo final será o mesmo, mas o controle é mais rápido e por consequência o entendimento é mais fácil.


   Termino aqui lembrando que esta lógica foi montada de acordo com a minha experiência monetária e que este é um ponto muito individual. Alguns podem se enxergar em situações semelhantes, outros podem ter possuído outras experiências. Mas o ponto em comum que na minha opinião faz a grande diferença é quando este cenário de recebimentos/ pagamentos semanais ocorre como um consenso da população (e não como uma exceção). A economia gira mais rápido, o dinheiro não fica parado e a acumulação de riquezas ocorre com objetivos definidos e não sem propósito aparente, além é claro da taxa de juros ser mantida baixa e o crédito de curto prazo praticamente não existir, já que todo mundo tem sempre dinheiro à mão.

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Até a próxima!

Alecio Miari