Eike Batista publicou um desabafo-resposta a todo o mercado no
dia 19/07 comentando sobre todo o turbilhão que suas vidas pessoal e
empresarial vieram sofrendo ao longo destes últimos dias. Não adianta comprarmos a
versão da mídia e não ouvirmos o outro lado da moeda. Por isso nada mais justo
que, após publicar um post massacrando as empresas X, um post ouvindo o que
Eike tem a dizer.
Ele iniciou seu empreendedorismo no início dos anos 80 no
garimpo da Amazônia e passou por grandes maus bocados! (Imaginem o que é se
aventurar na Amazônia? Agora imaginem isso há 30 anos). Começou sua carreira em
regiões de fronteira com enormes dificuldades desde como transportar
equipamentos por ambientes hostis até surtos de malária que o obrigaram a
substituir equipes inteiras de uma hora para outra.
Ele possui então um histórico de se deparar com adversidades e ultrapassá-las com muito esforço e suor, levando-o à um outro patamar de crescimento constante. Dito isso chegamos à OGX:
Eike se cercou de algumas das melhores cabeças do mercado para conduzir este ambicioso negócio; experientes e competentes ao longo de décadas de serviços prestados às outras
enormes companhias, eram pessoas reconhecidamente capacitadas em suas respectivas áreas de atuação. As expectativas em torno da OGX eram altíssimas. Constantes
auditorias feitas pelas maiores agências de avaliação de risco do mundo nunca
disseram o contrário e seu pessoal técnico corroborava tais afirmações.
Por ser uma companhia de capital aberto, ele é obrigado a
informar ao mercado sobre quaisquer tipos de informações relevantes que venham
(ou possam a vir) impactar o futuro da empresa. Com isso ele divulgava nota
positiva atrás de nota positiva, respaldado por estas “grandes empresas
reconhecidas mundialmente”.
Eike recebeu ofertas monstruosas para vender a OGX e não o fez,
muito pelo contrário: investiu mais de um bilhão de dólares do próprio bolso em seu grande sonho.
Conforme regulamentação, ele poderia ainda proceder à venda programada de 100 milhões
de dólares por semestre (acumulando 5 bilhões de dólares ao longo destes anos) mas não o fez. Mesmo se tivesse feito todas estas vendas (e enchido o bolso mais ainda) continuaria sendo o controlador da companhia.
Nenhum investidor perdeu tanto dinheiro quanto ele, ele é o maior
interessado nesta empresa. Este é o sonho dele e ele resolveu correr os riscos,
o que acaba deixando-o inconformado com a ideia de que ele induziu alguém a
investir num negócio de alto risco. O mercado que o analisou e depositou um alto grau
de confiança neste projeto devido à relação: vitorioso histórico de Eike unido + “bambambans do mercado petrolífero”.
Sempre mirando negócios de alto risco com possibilidades de
retornos gigantescos, este é o lema que vem acompanhando Eike ao longo destes
grandes anos vitoriosos. Ele sempre agiu assim e não mudou sua postura com a
OGX. Mercado de petróleo = alto risco, possibilidades de ganho = altíssimas. O
problema é que os investidores olharam
somente para as possibilidades (certezas) de ganho, não levando em conta os
riscos envolvidos na atividade.
O grande arrependimento de Eike na história toda com a OGX é
o de ter captado recursos através do mercado acionário. Se pudesse voltar no
tempo, ele teria estruturado Private Equity (tipo de atividade financeira
realizada por instituições que investem essencialmente em empresas que ainda
não são listadas em bolsa de valores, com o objetivo de alavancar seu desenvolvimento). Com isso ele buscaria
estruturar cada uma das empresas do conglomerado por pelo menos 10 anos, todas
permanecendo com seus capitais fechados até o momento que ele sentisse que havia
chegado o momento de entrar na bolsa.
Se uma cai....
Eike investiu pesadamente do próprio bolso em cada uma das companhias. Ele, mais do que ninguém, acreditou (e ainda acredita) neste sonho. Ele é parceiro do Brasil e prioriza o conceito de deixar um legado ao país investindo recursos próprios em ativos que contribuem para toda a sociedade, pagando até o último centavo de cada dívida contraída.
Foi preciso somente uma “mancada” dele – a OGX – para que
todo o grupo X perdesse toda a credibilidade, contaminando toxicamente as
outras empresas saudáveis do conglomerado. Ele sempre buscou o melhor para
todos da maneira mais íntegra possível.
Milhares de milhões de reais foram investidos por Eike nos
últimos anos em áreas que deveriam ser de responsabilidade dos governos.
Simplesmente porque ele é assim e acredita muito neste país.
Suas empresas estão sendo reestruturadas – principalmente
OGX e OSX – para que possam a vir figurar como grandes competidores em cada
mercado de atuação. Com seus 57 anos, afirma que está com muita energia e que
sua carreira empresarial está longe de figurar o obituário.
“Honrarei
todos os meus compromissos. Não deixarei de pagar um único centavo de cada
dívida que contraí.”
Para quem quiser conferir na íntegra o desabafo de Eike: http://oglobo.globo.com/economia/o-brasil-como-prioridade-ontem-hoje-sempre-9095456