Uma ideia meio maluca me surgiu no momento que parei para analisar o modo
como as pessoas se portam no modelo econômico atual e como é seu comportamento
perante a sociedade nos dias de hoje.
Tendo como base amigos de infância, familiares, estranhos
desconhecidos e principalmente colegas de trabalho que tive ao longo da minha
carreira profissional, cheguei à seguinte conclusão:
Deixamos o Feudalismo! Mas
o Feudalismo não nos deixou!
Para entender as bases que sustentam tal argumentação, vamos
primeiro definir o que significa Feudalismo em minha visão:
Feudalismo foi um modelo muito difundido e usado durante a
idade média onde um Senhor Feudal era dono de um (grande) pedaço de terra. A
atividade econômica predominante nesta época era a agricultura e, como ele era
dono deste marzão de terra, era o bambambam do pedaço.
Para produzir alimentos e vendê-los, ele precisava de mão de
obra (muito barata de preferência) para poder auferir grandes lucros com sua
atividade. Porém, como a escravatura já tinha sido abolida, ele foi ao mercado
“contratar” funcionários para o serviço.
O contrato de trabalho da época consistia em trazer o cabra
para dentro de suas terras e dar moradia e segurança, em contrapartida ele
trabalharia para o Senhor Feudal ganhando um valor “XYZ” pelo serviço.
O “pulo do gato” do Senhor Feudal é que neste momento ele
cobrava um aluguel pela moradia e pela segurança. Fora isso o servo
(funcionário) tinha de comprar alimentos para sua família e gastava o restante
deste salário na vendinha da região (que era do Senhor Feudal também!).
Com isso o servo estava sempre endividado e não conseguia se
desvincular do Senhor Feudal pois, ora estava devendo grana para ele
diretamente, ora estava devendo indiretamente. Acabava sendo um vinculo vitalício.
Agora, o que isso tem a ver com nossos dias atuais?
Analisando o comportamento das pessoas, pude reparar que o Ser Humano de uma
maneira geral age da seguinte maneira:
Estuda para poder ser alguém na vida (conseguir um trabalho
e não ser taxado de vagabundo) e começa a trabalhar ganhando 100. Mas ele não
tem gastos e por isso não sabe o que fazer com tanto dinheiro. Aí começa a se
acostumar em gastar 20 num barzinho, 10 num cineminha, 30 numa roupa, etc...
Chega um momento em que os 100 já são totalmente
incorporados pelos gastos mensais e a pessoa começa a ver que não são mais
suficientes para sustentar o estilo de vida que ela possui.
Aí ela evolui profissionalmente e passa a ganhar 300. “Opa,
agora sim! Os 100 não davam para nada, mas com 300 eu vou gastar os 100 e ainda
guardar 200”. Só que nesta hora ela resolve comprar um carro e entrar em uma
prestação de 120; os lugares que passa a frequentar são melhores também e as
saídas começam a custar 40 num barzinho e 20 num cineminha (já dá para comprar
pipoca).
Quando menos se espera, os 300 já estão absorvidos no novo
estilo de vida e passam a não ser suficientes para sustenta-la.
De repente esta pessoa dá uma porrada na carreira e passa a
ganhar 1000 (mais de 3 vezes o salário anterior). “Poutz, agora sim to lindão
na fita! Posso torrar até 500 que ainda terei uma sobra maior do que o salário
que eu recebia antes!”
Huumm, será? Acho que não. Pois neste momento ela acha que
deve trocar de carro porque “viver sem direção hidráulica e sem ar condicionado
num carro motor 1.0 ninguém merece” e lá vai ela para uma prestação de 300. Tá
na hora também de sair da casa dos pais e financiar um apto em suaves
prestaçõezinhas de 400 num período de 35 anos. As saídas de fim de semana já
custam 100 fácil para ir à um barzinho e 50 fácil num cineminha (pipoca,
refrigerante, chocolate e alguma comprinha a mais no shopping).
“Meu salário não dá para nada!”
PORRA!!! CALMAÍ!!! Esta pessoa saiu de 100 para 1000, dez
vezes mais! Como não consegue guardar dinheiro? Que mal é este que faz com que
ela ande sempre apertada não importando a quantidade de grana que entra?
O que acontece é que ela transformou o seu gasto mensal indo de
120 para 1200 e aí sempre irá ficar com a corda no pescoço.
Se a pessoa tem que trabalhar para pagar as dívidas (que ela
adquiriu sozinha) e não pode nem pensar em perder este emprego com tantos
benefícios mirabolantes, isso se deve ao fato do estilo de vida que ela criou
para si e que não quer perdê-lo.
Ora bolas, as dívidas e a necessidade de se manter no
emprego ralando que nem um condenado continuam aí, a única diferença é que o
salário não é destinado somente para um único Senhor Feudal, hoje temos vários.